Na manhã do dia 5 de setembro de 2025, no auditório da Fundação Getulio Vargas
(FGV), no Rio de Janeiro, ocorreu a cerimônia marcante de posse dos novos
diretores da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Presidida pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e com a presença de
autoridades do setor, a solenidade deu início a uma nova etapa de liderança na
regulação energética nacional .
Assumindo como diretor-geral, Artur Watt Neto, cuja trajetória profissional inclui
extensa experiência em regulação e gestão pública, iniciou seu mandato com um
discurso claro e incisivo sobre as prioridades da agência. Watt destacou a
necessidade urgente de reforçar a atuação da ANP em meio aos recentes cortes
orçamentários, que chegaram a 80 % em termos reais. Ele afirmou: “Internamente,
buscaremos a recomposição orçamentária das agências, considerando que o corte
na ANP chega a aproximadamente 80% em termos reais. Implementaremos
melhorias contínuas na gestão interna, visando eficiência, desburocratização e
incentivos ao desenvolvimento pessoal dos servidores” .
Sobre o combate a ilícitos no setor de combustíveis, Watt foi firme: “É preciso uma
fiscalização firme contra práticas ilícitas. Temos que atuar em conjunto com órgãos
federais e estaduais para enfrentar o crime organizado que age na cadeia de
combustíveis” . E reforçou ainda o papel social da agência ao se alinhar ao novo
programa federal “Gás do Povo”, afirmando que a ANP terá um papel central na
regulação que permitirá “levar o botijão de gás a preços acessíveis para a
população de baixa renda” .
Watt também destacou o desafio da transição energética justa, defendendo a
produção de biocombustíveis, o uso de hidrogênio e biogás, e apontando que tais
iniciativas são estratégicas tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico.
“Nesse contexto, a defesa e o fortalecimento da nossa produção de biocombustíveis
(etanol, biodiesel, diesel verde, SAF, biometano) e a exploração de aterros
sanitários para a produção de biogás, assim como a produção de hidrogênio – área
em que a ANP inicia sua regulação –, são de suma importância ambiental e
energética”, disse .
Em seguida, tomou posse Pietro Adamo Sampaio Mendes, como diretor da
Diretoria 4 da ANP. Experiente no setor público e com forte atuação em temas
regulatórios, Mendes fez questão de colocar em evidência a necessidade de
destravar investimentos e modernizar processos. Sobre o entrave no licenciamento
ambiental, destacou que é preciso agir com urgência: “Não dá para ficar dois anos
esperando às vezes a conclusão de uma regulação perfeita para começar uma nova
atividade” . Mendes também insistiu na importância de garantir um calendário
estruturado de leilões para manter o fluxo de investimentos no setor de óleo e gás
— “se não tiver novas ofertas, não tem atividade de exploração…, se não tiver
novas ofertas, não tem conteúdo local…, se não tem conteúdo local, não tem PDI,
que não tem produção”, alertou .
Ainda no seu discurso, Mendes ressaltou a importância do acesso à infraestrutura
de transporte de gás e petróleo e defendeu a revisão tarifária como ponto crucial
para garantir competitividade. Em relação à concorrência, salientou que tornar os
serviços mais acessíveis passa por permitir que terceiros utilizem essas
infraestruturas — “acesso às redes de transporte é pauta crucial para reduzir tarifas
e ampliar o consumo” .
Além dos novos empossados, a diretoria da ANP conta também com Symone
Araújo (Diretoria 1), com reconhecida experiência em políticas de gás natural;
Daniel Maia Vieira (Diretoria 2), especialista em gestão e inovação regulatória; e
Fernando Moura (Diretoria 3), que tem atuação voltada para a fiscalização e o
combate a ilícitos no setor.
A cerimônia contou ainda com manifestações institucionais e de celebração pela
nova fase. A Organização Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP) parabenizou os
empossados, reforçando a importância da nova diretoria para o desenvolvimento do
setor de óleo e gás no país . Também esteve presente o diretor-presidente da Algás,
Ediberto Omena, que destacou a relevância da regulação para a segurança e
eficiência no fornecimento de gás natural .
Em síntese, a posse dos novos diretores da ANP simbolizou um momento de
renovação alinhada a desafios cruciais: recomposição de orçamento, combate a
fraudes, transição energética, acesso ao gás e modernização regulatória. Watt e
Mendes apresentaram uma visão clara para os próximos anos, que alia rigor na
fiscalização, compromisso social e abertura ao desenvolvimento do setor energético
nacional.